No contexto das mudanças trazidas pela NR-1, reconhecer os riscos psicossociais deixou de ser opcional e passou a ser obrigatório. Para entender melhor esse tema, conversamos com Alda Silva, psicóloga do trabalho e CEO do Instituto Nostrum. Ela atua há 15 anos em mapeamento, diagnóstico e desenvolvimento de planos estratégicos para cuidar da saúde mental nas empresas.
Revista Proteção (fev/2025): “Mapeamento, diagnóstico e plano de ação são fundamentais para promover a saúde mental nas empresas.”
Quais aspectos do mundo do trabalho favorecem os riscos psicossociais?
Alda Silva explica que não se deve confundir riscos psicossociais com situações pontuais de estresse. Ela destaca que é crucial entender o conteúdo da tarefa — sua demanda mental, complexidade, tempo, pausas, jornadas e se há pressão ou violência psicológica envolvida:
“É preciso olhar… se é um trabalho exigente, qual a carga mental, velocidade, complexidade… A interação pessoa-tarefa: existe pressão? Há pausas? Turnos? Jornada exaustiva?”
Ela ainda menciona que traumas e insegurança gerada por fatores como assaltos ou precarização do trabalho também são perigos psicossociais reais a serem mapeados.
Quais transformações recentes impactaram esses riscos?
A pandemia acelerou mudanças estruturais, exigindo adaptações como:
- Definição clara do direito à desconexão em home office;
- Atenção ao presenteísmo, em que o colaborador está presente, mas mentalmente ausente;
- Necessidade de delimitar fronteiras entre vida pessoal e profissional.
“O excesso de jornada e a dificuldade de estabelecer o território entre o ambiente privado e laboral são alertas importantes.”
Como médicos do trabalho devem abordar esses riscos?
Alda Silva enfatiza que mapear riscos psicossociais exige uma mentalidade centrada na promoção da saúde, e não apenas na prevenção de doenças:
“Precisamos perguntar: como esse trabalho tem promovido saúde? Se o trabalhador consegue entregar bem… muitas vezes estão relacionadas à estrutura da gestão, à comunicação…”
Ela ressalta que riscos psicossociais são condições coletivas, não falhas individuais.
Quais são os maiores desafios e boas práticas corporativas?
Ela aponta diferenças entre organizações reativas e aquelas que priorizam a prevenção. Entre os esforços eficazes:
- Capacitação de lideranças, a fim de lidar com saúde mental;
- Integração entre RH, saúde e segurança;
- Escuta ativa e canais seguros para colaboradores reportarem problemas;
- Utilização de indicadores como afastamentos por CID F e pesquisas de clima.
“Capacitação de gestores, canais de acolhimento e integração com programas de bem-estar são boas práticas de mercado.”
Expectativas para o futuro e recomendações estratégicas
A especialista defende a abordagem transversal — envolvendo desde a alta gestão até a operação — e a adoção de BI e monitoramento em tempo real para acompanhar indicadores de saúde mental:
“Ferramentas de BI e monitoramento em tempo real do estado de saúde mental dos colaboradores são pontos que trazem melhorias na gestão dos riscos psicossociais.”
FAQ – Visão da Medicina do Trabalho sobre Riscos Psicossociais
O que configura um risco psicossocial no trabalho?
São condições organizacionais ou relacionais — como estresse excessivo, pressão contínua, jornadas exaustivas, assédio moral ou insegurança — capazes de afetar negativamente a saúde mental dos trabalhadores.
Por que eles são incorporados ao PGR pela NR-1?
A atualização da norma exige essa inclusão para que empresas identifiquem e criem ações concretas contra esses riscos, promovendo ambientes mais saudáveis.
Quais são os principais desafios para implementá-los?
Culturalmente, muitos líderes ainda não têm preparo para identificar e agir em questões emocionais. Além disso, a falta de integração entre áreas e a ausência de escutas seguras dificultam o diagnóstico e a atuação eficaz.
Quais ações preventivas são recomendadas?
- Capacitação de gestores em saúde mental;
- Pesquisa de clima e indicadores internos como absenteísmo por CIDs F;
- Canais anônimos e escuta ativa com garantia de confidencialidade;
- Planejamento estratégico, suportado por BI e ferramentas de monitoramento.
Qual o papel da AMBRAC nesse cenário?
A AMBRAC pode apoiar sua empresa com:
- Consultoria especializada para mapear riscos psicossociais dentro do PGR;
- Treinamentos e capacitação de liderança;
- Desenvolvimento de indicadores de saúde mental;
- Implementação de ações integradas com RH e SST, alinhadas às normas vigentes.
Conclusão
A visão da Medicina do Trabalho sobre os riscos psicossociais revela que saúde mental e organização de trabalho estão intrinsecamente conectadas — e que cuidar disso é uma estratégia moderna, legal e humana. A AMBRAC está pronta para transformar esse desafio em um diferencial competitivo e sustentável para sua empresa.
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