Apenas 5% das empresas brasileiras afirmam estar totalmente preparadas para cumprir as novas exigências do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) relacionadas à gestão dos riscos psicossociais — que incluem estresse, ansiedade, assédio e burnout.
A medida faz parte da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que entrará em vigor em maio de 2026, e determinará que todos os riscos à saúde mental sejam oficialmente reconhecidos, avaliados e monitorados dentro do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Os dados são do Panorama da Saúde Emocional do RH 2025, elaborado pela Flash com cerca de 900 profissionais da área de Recursos Humanos. O levantamento revela que metade das empresas ainda está em fase de preparação e 32% sequer iniciaram qualquer movimento de adequação.
Apesar disso, a nova exigência é vista com bons olhos por 87% dos profissionais de RH, que acreditam que a norma trará mais transparência, prevenção e amparo legal para colaboradores e empregadores.
O que muda com a nova regra da NR-1
A NR-1 é a norma que estabelece as disposições gerais sobre Segurança e Saúde no Trabalho (SST) e o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO).
A partir de 2026, os riscos psicossociais — antes tratados de forma indireta — passarão a ter tratamento técnico obrigatório, equiparando-se aos riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.
Isso significa que as empresas deverão:
- Identificar situações de estresse ocupacional, assédio, sobrecarga e jornadas excessivas;
- Avaliar a intensidade, frequência e impactos desses fatores na saúde mental;
- Elaborar planos de ação preventivos e corretivos;
- Registrar e atualizar essas informações no PGR e no eSocial (evento S-2240).
Em outras palavras, o adoecimento mental passa a ser também uma questão de conformidade legal.
Panorama atual: a lacuna entre teoria e prática
| Indicador | Percentual | Situação atual |
|---|---|---|
| Empresas totalmente preparadas | 5% | PGR já contempla riscos psicossociais |
| Em fase de adequação | 50% | Revisão de políticas de RH e SST |
| Ainda não iniciaram o processo | 32% | Nenhum planejamento estruturado |
| RHs que aprovam a medida | 87% | Reconhecem a relevância da saúde emocional |
Fonte: Panorama da Saúde Emocional do RH 2025 — Flash Benefícios
Os dados mostram que a maioria das organizações ainda enfrenta dificuldades técnicas e culturais para tratar a saúde mental como parte integrante da SST.
A falta de integração entre RH, Medicina do Trabalho e Jurídico é uma das principais causas da lentidão nesse processo.
O que são riscos psicossociais segundo a NR-1
Os riscos psicossociais englobam condições e fatores relacionados ao ambiente, à organização e às relações de trabalho que podem afetar negativamente o bem-estar emocional, físico e social do trabalhador.
Entre os principais exemplos estão:
- Sobrecarga e jornadas prolongadas;
- Falta de autonomia ou reconhecimento;
- Assédio moral e sexual;
- Conflitos de liderança;
- Insegurança quanto à estabilidade no emprego;
- Falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Esses fatores podem gerar doenças como burnout, depressão, ansiedade generalizada e síndrome do pânico — hoje responsáveis por cerca de 35% dos afastamentos registrados pelo INSS, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social 2024.
Impactos financeiros da negligência
Um levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que empresas que não possuem políticas estruturadas de bem-estar emocional apresentam:
- Aumento de 50% nas licenças médicas;
- Queda média de 23% na produtividade;
- Custos anuais até 3x maiores com rotatividade e absenteísmo.
Em contrapartida, companhias com planos ativos de saúde mental registram ROI médio de 400%, ou seja, a cada R$ 1 investido em prevenção, economizam até R$ 4 em custos operacionais e afastamentos.
Como as empresas devem se preparar até 2026
Para atender às novas exigências da NR-1, as empresas precisarão adotar medidas práticas:
- Mapear riscos psicossociais: identificar fatores relacionados à carga de trabalho, relações interpessoais e clima organizacional.
- Atualizar o PGR: incluir os riscos psicossociais como parte do inventário e do plano de ação.
- Revisar o PCMSO: ajustar os protocolos médicos e psicológicos.
- Integrar os dados ao eSocial SST (evento S-2240).
- Promover ações preventivas: canais de escuta, políticas antiassédio, programas de apoio psicológico.
- Manter documentação técnica que comprove a adoção das medidas.
A AMBRAC oferece consultoria completa para auxiliar empresas nesse processo, integrando Gestão Médica, Segurança do Trabalho e conformidade digital no eSocial.
Comparativo prático: antes e depois da nova NR-1
| Aspecto | Antes da revisão | Após 2026 |
|---|---|---|
| Avaliação de riscos psicossociais | Facultativa | Obrigatória no PGR |
| Comunicação de afastamentos | Sem relação direta com SST | Integrada ao eSocial |
| Ações preventivas | Campanhas isoladas | Programas estruturados e auditáveis |
| Fiscalização | Eventual | Contínua e digital |
| Responsabilidade legal | Compartilhada | Direta e comprovável por auditoria |
FAQ – Perguntas Frequentes
O que muda na NR-1 em 2026?
Os riscos psicossociais passam a ser oficialmente obrigatórios no PGR e deverão ser registrados e monitorados pelo eSocial.
Quais riscos são considerados psicossociais?
Assédio, estresse, ansiedade, burnout, sobrecarga, pressão excessiva, isolamento, entre outros.
Quem será responsável pela gestão desses riscos?
O empregador, com suporte técnico da equipe de SST e do médico coordenador do PCMSO.
Esses riscos geram impacto no eSocial?
Sim. Eles devem ser lançados no evento S-2240 (Condições Ambientais de Trabalho).
Há multa para quem não se adequar?
Sim. As autuações seguem os valores da NR-28, podendo superar R$ 181 mil em casos graves ou reincidentes.
Como a AMBRAC pode ajudar?
A AMBRAC oferece consultoria e assessoria técnica para adequação da empresa às normas de SST, incluindo PGR, PCMSO e eSocial, com foco especial na gestão de saúde mental corporativa.
Essas regras valem para todas as empresas?
Sim. Qualquer empresa com empregados sob regime CLT deve cumprir as determinações da NR-1.
Conclusão
As novas regras da NR-1 sobre riscos psicossociais representam um avanço importante na legislação trabalhista e um desafio prático para as empresas.
Ignorar a saúde mental não é apenas um problema humano — é um risco jurídico, financeiro e reputacional.
A AMBRAC está pronta para apoiar empresas em todo o processo de adequação, oferecendo consultoria técnica, gestão de SST e suporte na integração com o eSocial, garantindo segurança jurídica e bem-estar organizacional.
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