Máscaras RESPIRATÓRIAS (EPI): Tipos, riscos e como escolher a proteção correta

15 de dezembro de 2025

No ambiente de trabalho, muitos riscos são invisíveis a olho nu. Poeiras finas, névoas tóxicas, fumos metálicos, gases e vapores químicos são ameaças silenciosas que, dia após dia, podem comprometer a saúde do trabalhador — inclusive com impactos graves e irreversíveis.

Por Lucas Esteves — Especialista em Medicina e Segurança do Trabalho e Sócio da AMBRAC.

A importância da proteção respiratória na saúde ocupacional

A exposição a agentes inaláveis pode causar desde irritações passageiras até condições crônicas como silicose (sílica), asbestose (amianto), pneumoconioses e outras Doenças Pulmonares Ocupacionais (DPO). Nesse contexto, a proteção respiratória deixa de ser um “acessório” e passa a ser uma barreira vital — especialmente quando as medidas de proteção coletiva não eliminam ou neutralizam o risco no ar.

“Respirador não é item genérico. A seleção deve ser técnica, baseada no risco real, na concentração e nas exigências do PGR/PPR. Caso contrário, a empresa cria uma falsa sensação de segurança.”

— Lucas Esteves

Legalmente, a responsabilidade é objetiva: a NR 6 define deveres do empregador quanto ao fornecimento gratuito, treinamento, substituição e fiscalização de uso de EPIs. Mais do que entregar, é preciso indicar corretamente o equipamento, de forma coerente com o PGR e seus inventários de risco.

O pilar central: o Programa de Proteção Respiratória (PPR)

Antes de discutir tipos de máscaras, é fundamental entender o Programa de Proteção Respiratória (PPR), previsto pela Instrução Normativa SSST/MTB nº 1/1994 e detalhado nas recomendações da Fundacentro.

O PPR é um documento e um conjunto de ações obrigatórias para empresas onde o uso de respiradores é necessário. Ele deixa claro que entregar EPI não basta. O programa exige:

  • Avaliação dos riscos: identificar contaminantes no ar e suas concentrações;
  • Seleção correta: escolher respirador compatível com o contaminante e a exposição;
  • Treinamento: uso, inspeção, guarda, higienização (quando aplicável);
  • Teste de vedação (fit test): garantir ajuste correto ao rosto, sem frestas;
  • Monitoramento e saúde: acompanhamento clínico e exames (ex.: espirometria);
  • Controle de barba: vedação facial exige ausência de barba em respiradores vedados.

Sem um PPR bem implementado, a empresa assume risco de não conformidade e pode manter o trabalhador exposto, mesmo “com máscara”.

Entendendo os riscos: o que estamos filtrando?

Para escolher o respirador certo, primeiro é necessário classificar o contaminante.

1) Aerossóis (particulados)

São partículas sólidas ou líquidas suspensas no ar:

  • Poeiras: lixamento, corte, moagem (madeira, cimento, grãos);
  • Névoas: tinta spray, névoa de óleo, atomização;
  • Fumos: partículas metálicas finas (solda);
  • Biológicos: vírus, bactérias, fungos (saúde e laboratório).
2) Contaminantes químicos (gases e vapores)
  • Gases: amônia, cloro, monóxido de carbono;
  • Vapores: solventes, gasolina, thinner, compostos voláteis.

Atenção: máscara para poeira (filtro mecânico) não protege contra gases/vapores (filtro químico), e vice-versa.

Principais tipos de máscaras respiratórias (EPI)

Os respiradores são classificados, de forma geral, em:

  • Purificadores de ar: filtram o ar do ambiente;
  • Adução de ar: fornecem ar limpo de fonte externa.

Grupo 1: respiradores purificadores de ar

São os mais comuns e dependem da qualidade do ar ambiente. Não são indicados para atmosferas IPVS (Imediatamente Perigosas à Vida ou à Saúde) ou baixa concentração de oxigênio.

1) Peça facial filtrante (PFF) – os “descartáveis”

A própria máscara é o filtro. Classificação típica:

  • PFF1: eficiência mínima 80% (poeiras e névoas);
  • PFF2: eficiência mínima 94% (fumos de solda, poeiras, névoas e biológicos);
  • PFF3: eficiência mínima 99,7% (particulados altamente tóxicos e alta concentração).

Nota importante: PFF com válvula facilita a exalação, mas não filtra o ar que sai. Em contextos de controle de fonte (ex.: proteção de terceiros), a válvula deve ser evitada.

2) Respiradores com filtros (peça reutilizável + filtros/cartuchos trocáveis)

A peça facial é reutilizável e os filtros são substituídos conforme saturação/vida útil:

  • Peça semifacial: cobre nariz, boca e queixo;
  • Peça facial inteira: cobre todo o rosto, incluindo olhos, com vedação superior.

Tipos de filtros:

  • Filtros mecânicos: para particulados (P1, P2, P3);
  • Filtros químicos (cartuchos): carvão ativado e elementos adsorventes para gases/vapores específicos;
  • Filtros combinados: químico + mecânico (ex.: vapores orgânicos + particulados).

Grupo 2: respiradores de adução de ar

Usados quando o ar ambiente é irrespirável (baixo O2, IPVS ou alta toxicidade):

  • Linha de ar comprimido: ar limpo por mangueira conectada a fonte externa;
  • Autônomo (SCBA): cilindro de ar carregado pelo usuário (emergência/resgate).

Diferença crítica: máscara cirúrgica vs. respirador (PFF2/N95)

  • Máscara cirúrgica: protege o ambiente de gotículas do usuário; vedação frouxa; não é EPI respiratório para aerossóis.
  • PFF2/N95: protege o usuário do contaminante; projetado para vedação; é EPI respiratório.

Quando usar cada tipo: guia rápido por atividade

Risco / Atividade Contaminante principal Respirador recomendado (exemplos)
Construção civil (corte/lixamento) Poeiras (cimento, sílica) PFF1 ou PFF2 (avaliar concentração e risco)
Marcenaria (lixamento/corte) Poeira de madeira PFF1 (em geral) ou PFF2 conforme avaliação
Solda (aço carbono/inox) Fumos metálicos PFF2 (SL) ou semifacial com filtro P2/P3
Pintura (pincel/rolo) Vapores orgânicos Semifacial com cartucho para vapores orgânicos (VO)
Pintura (pistola/spray) Vapores + névoa de tinta Semifacial/facial inteira com filtro combinado (VO + P1/P2)
Saúde (risco biológico) Aerossóis biológicos PFF2/N95 (preferencialmente sem válvula em controle de fonte)
Indústria química (amônia) Gás (amônia) Semifacial/facial inteira com cartucho específico (amônia)
Espaço confinado Deficiência de O2 / gases Adução de ar (linha de ar ou autônomo), conforme NR-33
Limpeza com produtos ácidos Gases ácidos Semifacial com cartucho para gases ácidos

Conclusão

A seleção de máscaras respiratórias é processo técnico, não palpite. Escolher respirador inadequado, treinar mal, ignorar fit test ou permitir barba em respiradores vedados pode anular a proteção e expor o trabalhador a risco cumulativo e silencioso.

“Se o respirador não veda, ele não protege. Por isso, fit test, treinamento, manutenção e gestão documental são tão importantes quanto o modelo da máscara.”

— Lucas Esteves

Como a AMBRAC pode apoiar sua empresa

Implantação e auditoria de PPR
  • Estruturação do Programa de Proteção Respiratória (PPR);
  • Seleção técnica de respiradores por risco e concentração;
  • Rotinas de inspeção, troca e rastreabilidade de filtros/cartuchos.
Treinamentos e fit test
  • Capacitação prática de uso, vedação e conservação;
  • Implantação de rotinas de teste de vedação (fit test);
  • Padronização de orientações e evidências documentais.
Monitoramento clínico e saúde ocupacional
  • Protocolos de acompanhamento respiratório (ex.: espirometria quando aplicável);
  • Integração com PCMSO e gestão de riscos do PGR;
  • Suporte técnico em conformidade e prevenção de passivos.

Sua empresa precisa implementar ou revisar o PPR?

A AMBRAC apoia a implementação do Programa de Proteção Respiratória, treinamentos e gestão integrada de SST para reduzir riscos respiratórios, fortalecer a conformidade e elevar a segurança operacional.
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